A capital lituana ostenta quase 700 anos de história, fundada em 1323 como a metrópolis do Grão Ducado da Lituânia, mas sua alma continua bem jovem. Vilnius abraça o progresso tecnológico do novo milênio como seus antepassados se rendiam ao desenvolvimento durante a idade média: com paixão e determinação! Pelas ruelas de Vilnius nos deparamos com símbolos arquitetônicos de outros séculos e ao mesmo tempo somos convidados a mergulhar no futuro. Esta pequena capital está sempre inovando, criando novas instalações de arte, traçando um contraste magnífico entre o antigo e o novo. E baseado justamente neste espírito empreendedor, nesta semana a capital lançou um novo projeto digital, unindo a Lituânia à Polônia, país vizinho e que faz fronteira com o território lituano. Uma espécie de ponte eletrônica que ultrapassa fronteiras transmite imagens em tempo real, conectando a capital lituana à cidade de Lublim, localizada no leste da Polônia.
A nova instalação se assemelha a um túnel virtual, com uma tela gigantesca e inúmeras câmeras acopladas à estrutura interna possibilitando assim a transmissão de imagens ao vivo via Internet entre as duas cidades. Inaugurado nesta semana no largo da Estação Ferroviária de Vilnius, o projeto é fruto de cinco anos de trabalho e parceria entre os idealizadores nas duas cidades. Vilnius está intrinsecamente ligada ao território polonês pois durante quase duas décadas, entre 1920 até 1939, a capital lituana foi anexada à Polônia, e era considerada um dos grandes polos culturais do país. Até hoje, a comunidade de raízes polonesas é uma das mais ativas em Vilnius. Existe, inclusive, uma igreja onde todas as missas são proferidas na língua polonesa. Pelas ruelas do centro antigo no quarteirão judeu encontram-se marcas da ocupação polonesa em Vilnius, em resíduos das fachadas de lojas antigas na língua do país vizinho. Grande parte da comunidade judaica em Vilnius e que mais tarde foi aniquilada pelos nazistas falava polonês.


De certa forma, através do portal digital as duas comunidades estarão se reunificando. Lublim é uma cidade encantadora e histórica como Vilnius. Em 2014 quando morávamos em Minsk tivemos o privilégio de visitá-la e fomos surpreendidos pela veia cultural pulsante da cidade. Lublim e Vilnius poderiam ser cidades irmãs pois apresentam vários aspectos em comum. Ambas foram fundadas durante a idade medieval e preservam sua história até hoje através de castelos e construções de outros tempos, centro antigo além de museus. E agora, em Vilnius, podemos observar em tempo direto um pouquinho da vida em Lublim e eles lá observam o movimento daqui.
Durante a solenidade de inauguração o idealizador da ponte virtual, Benediktas Gylys, explanou sobre as raízes do projeto dizendo – “a humanidade está enfrentando muitos desafios potencialmente mortais; seja polarização social, mudanças climáticas ou questões econômicas. No entanto, se olharmos de perto, não é falta de cientistas brilhantes, ativistas, líderes, conhecimento ou tecnologia que causam esses desafios. É o tribalismo, a falta de empatia e a visão distorcida do mundo, que muitas vezes se limita às nossas fronteiras nacionais”. A abertura da instalação não poderia ter acontecido em época melhor, pois enquanto cada nação vai gradativamente saindo de longos períodos de confinamento reabrindo atrações locais, viagens de turismo a outros países por enquanto não são recomendadas.
Durante os lockdowns do último ano os europeus se acostumaram a trabalhar de casa, a viver confinado, conectado apenas pela Internet. E assim, a nova instalação em Vilnius e Lublim possibilita uma unificação sem sair do país. È um convite para superar preconceitos. De acordo com os idealizadores este é apenas o primeiro de muitos outros projetos que estão por vir. O objetivo é criar portais digitais em toda Europa, e mundo inteiro no futuro, engajando comunidades diversas e incentivando o enriquecimento cultural. Quem sabe um dia não teremos uma ponte virtual unindo a capital do chimarrão à capital lituana?

